quarta-feira, 7 de outubro de 2015

FoicesAlbicastrenses - 10/2015

Boas.


Após 5 meses de ausência do mato a nossa saída de Outubro 2015 foi, naturalmente, para o local do nosso abrigo permanente. Além de todos os projectos que cada um de nós planeou durante o verão e que iriam com certeza ajudar ao desenvolvimento da sustentabilidade possível naquele local, também o facto de durante 5 meses o abrigo ter ficado sem qualquer intervenção levaram-nos imediatamente a decidir onde faríamos a nossa primeira saída depois do verão. Contudo, ao chegarmos ao local deparamo-nos com três situações prioritárias relativamente a todos os planos ou projectos que trazíamos em mente realizar: o abrigo tinha cedido bastante em uma das faces laterais, o topo da nossa lareira onde alguns paus da face da frente assentavam estalou fazendo com que a parte da frente também estivesse em mau estado e o rio estava seco sendo a única água disponível estagnada e sem qualquer corrente. 

 



Sendo assim, tivemos de orientar os nossos esforços daquele dia para endireitar o abrigo para que este ficasse em segurança e voltar a reconstruir a lareira que tinha o topo rachado. Simultaneamente teríamos de arranjar maneira de filtrar aquela água verde e estagnada antes de a podermos purificar.


1.       A solução que encontrámos para solucionar o desnivelamento do abrigo foi colocar uma boa trave de eucalipto do lado para onde o abrigo descaiu de forma a exercer um pressão contrária e dessa forma mante-lo direito e sólido. Para tal foi feito um entalhe no pilar da face lateral onde encaixou a ponta da trave de eucalipto previamente trabalhada. A trave ficou enterrada num buraco, feito em sentido contrário ao desnivelamento, para poder efectuar a pressão desejada.  






       2. A segunda tarefa, e esta bem mais gigantesca em termos de esforço físico, foi colocar novamente um topo na lareira interior do abrigo. Tivemos de encontrar, transportar e encaixar uma laje grande suficiente para, ao mesmo tempo tapar por completo a parte superior da lareira, e também conseguir aguentar o peso de alguns paus da face frontal do abrigo que nela iriam assentar. Depois de reconstruída a lareira, esta foi isolada e moldada novamente de forma a se conseguir o melhor efeito de extração de fumo possível (uma vez ser uma lareira interior). Usamos uma massa feita com terra e água para conseguir esse isolamento.

A maneira mais eficaz que encontràmos para transportar a pedra laje desde o rio foi construir um tipo de “andor”, com o qual os 4 conseguíssemos mais facilmente caminhar com aquele enorme peso.









3.      Uma das primeiras preocupações, ao depararmo-nos com a falta de corrente do rio, foi arranjar de imediato um meio de filtrar aquela água verde antes de a purificarmos e fazer com que esse processo pudesse acima de tudo ser prático e fácil de usar, pois iria ser usado sempre que algum de nós quisesse encher o cantil. Iriamos ter um dia ainda bem quente e iriamos fazer muito esforço físico. Construímos um filtro com duas camadas de materiais: uma primeira camada de carvão e uma segunda com uma base de pedras do rio onde depositámos também alguma areia apanhada nas margens. Tivemos de retirar a areia pois a água ao passar pelo filtro ganhava uma tonalidade castanha devido ao pó. O filtro funcionou muito bem com o carvão e as pedras, acabando a água por perder quase por completo a sua tonalidade verde inicial.






À noite fizemos a tradicional sopa na fogueira exterior e alguns de nós puseram mãos à obra na construção de uma “moca” feita a partir das raízes de algumas plantas de “mato ribeirinho” (não temos a certeza se esta planta se chama mesmo assim) que um de nós tinha recolhido no trajecto até ao local.





A noite foi tranquila e bem passada, contudo, tivemos de apressar o nosso regresso pois de manhã fomos surpreendidos por uma manhã de domingo bem chuvosa, contudo preciosa.









Apesar de não termos iniciado os projectos que planeámos durante o verão, acabou por ser uma saída bastante produtiva e desafiante. Solucionámos todos os imprevistos com que nos deparámos recorrendo às técnicas que temos vindo a praticar durante estes anos e assim maximizámos o nosso conforto no mato, que no nosso ponto de vista, é o grande desafio do Bushcraft.


Bem haja e boas aventuras.


FoicesAlbicastrenses    





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